Sou uma soma que às vezes se divide, multiplica, diminui, mas, no final das contas, tudo em mim soma. Gosto do que em mim soa sincero, verdadeiro. Acho que isso é o que tenho de melhor. Só me sei assim, quando não sou assim, desse jeito, minha alma sofre, me rejeita, enfraquece. Preciso ser verdade, loucura, emoção.
Quero ser a minha própria bússola, quero preencher cada linha da minha existência de próprio punho. Mas escrevê-la por minha conta, não diminui a importância e necessidade de tantos outros alguens que me constroem. Sou só, mas não solidão, sou única, mas também sou multidão. Sinto uma sensação de gratidão pelo que em minha história me liberta, me amplia o desejo de ter mais alma. Sou gota e sou oceano... Sou tantas e de vez em quando sou tão ninguém.
Absoluta e relativa, quase sempre é aí que me encontro, entre esses dois estados, ou num ou noutro, quase sempre tenho dificuldade de andar no meio. Descubro que não estar no meio não quer dizer desequilíbrio. Porque tudo é relativo é que acredito que o meu centro, meu ponto de equilíbrio não está na metade, na simetria, na igualdade das partes. Sou equilíbrio quando permito minha loucura. Minha loucura é sanidade, é libertação. Quanto mais viva ela é, mais me sinto sã. Minha loucura liberta minha alma, liberta meu corpo, me entorpece, me dá coragem, me dá imensidão, passo a ser o mundo, o tudo, o todo...